Por Clemente Nobrega
Imagine uma população na qual alguns agentes têm mentalidade “soma zero”, e outros, mentalidade “não zero”. À medida que o tempo passa, os agentes “não zero” descobrem que podem ficar mais ricos cooperando uns com os outros.(Foi assim que o comércio se instaurou: desconhecidos transacionando uns com os outros porque ambos percebiam que ficavam mais ricos após a transação).
Nesse ponto, os “não zero“ começam a ser atacados pelos “soma zero”, que vão querer sua fatia do bolo sem ter colaborado para que ele crescesse (é da natureza deles, entende?). Esse conflito vai baixar os retornos propiciados pela cooperação, e pode levar a uma situação em que os agentes “não zero” se convencem que cooperação não vale a pena; aí eles se transmutam em “soma zero” também. Não é uma tragédia?
Quando os pesquisadores modelaram essa dinâmica, descobriram que existe um ponto limite-: quando, numa sociedade, os não cooperadores ultrapassam os cooperadores, a colaboração não se sustenta mais no nível necessário para produzir riqueza, e o país cai no que chamam de “armadilha da pobreza”. Aí está a razão pela qual países inovadores prezam tanto a “regra da lei”-é ela que garante que o pessoal “soma zero” será contido, e não conseguirá contaminar o país. Regra da lei é condição para inovação.
Em 1996, uma pesquisa perguntou o seguinte a pessoas de vários países (em suas línguas nativas):”.. de modo geral, você acha que em seu país, a maioria das pessoas é confiável?”. A diversidade das respostas foi impressionante. Os países em que a confiança é mais arraigada são Noruega (65%) e Suécia (60%). No Peru, 5%, e no Brasil (o lanterninha absoluto), 3%. Já sabemos: há uma importante correlação entre confiança e sucesso econômico. Alta confiança, alta cooperação, que gera mais confiança, mais inovação etc.. Mas, infelizmente para nós, o contrário também é verdade.
Fonte - Época Negócios
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