quarta-feira, 10 de abril de 2013

Dica de Leitura

COLUNISTAS MARCELO NAKAGAWA

O plano de negócio é o vilão da educação empreendedora?


Toda boa história tem que ter um vilão. No mundo da educação empreendedora não é diferente. Nos últimos anos, o vilão tem sido o plano de negócio. Eric Ries, do Lean Startup, bate no plano de negócio. Steve Blank, do Customer Development, bate no plano de negócio. Alexander Osterwalder, do Business Model Generation, bate no plano de negócio. Até eu, no meu livro Plano de Negócio: Teoria Geral, bato no plano de negócios. Esse aí escrito com um “s” a mais, como se no inglês fosse businesses plan e houvesse um único jeito para elaborar qualquer plano de negócio. 

Eu entendo que há várias formas para elaborar o “plano” de um negócio. Isso dependerá de quem escreve, qual o objetivo e como o plano será utilizado. Entendo também que o termo “plano” vem do latim planum. Seu uso consistia em desenhar numa superfície lisa para explicar o que deveria ser feito, algo muito comum entre os soldados do Império Romano. Uma receita de bolo é um plano, assim como uma planta de arquitetura. Tal qual uma receita ou uma planta de arquitetura explica como a “coisa” deve ser feita, o lean startup, o customer development e o business model canvas seguem a mesma lógica e, nesse contexto, também são exemplos sobre como elaborar planos (de negócio). 


Por isto não fiquei surpreso quando li o artigo Schools think too narrowly on entrepreneurship, escrito por Tim Faley e Peter Adriaens e publicado no Financial Times em fevereiro passado. A dupla bate nas escolas que ensinam empreendedorismo baseadas na lógica de que só é necessário uma boa ideia, um pitch (discurso para investidor) e algum dinheiro para empreender um negócio “bonitinho” (cute) de sucesso. E eles direcionam a crítica, sobretudo, para as escolas de negócio, especificamente seus cursos de MBA. 


Mas, no meio de tantas críticas ácidas, algumas questões são muito relevantes, em minha opinião. A primeira é que identificar oportunidades e gerenciar sua realização e crescimento devem ser a essência do que as escolas de negócio precisam ensinar no século XXI. Que as habilidades empreendedoras são e serão cada vez mais críticas para qualquer organização preocupada com seu crescimento. Que o empreendedorismo é algo que pode ser estudado, aprendido, praticado e aperfeiçoado. E, de todas as questões, a que achei mais relevante é que as escolas de negócio devem ensinar o aluno a lidar com o fracasso, já que o fracasso faz parte da trajetória de qualquer empreendedor. Foi o fracasso de Steve Jobs no final da sua primeira passagem pela Apple que o tornou ainda melhor empreendedor no seu retorno à empresa que tinha fundado. Henry Ford faliu duas vezes antes de fundar a Ford Motor Company e, mesmo assim, só teve sucesso no modelo T (o primeiro modelo foi o A). E Thomas Edison não teria dito: “Eu não falhei. Só descobri 10 mil combinações que não funcionaram”? Fracassar e aprender a lidar com isso é, definitivamente, um aprendizado crítico para qualquer um que queira empreender. 


Fonte - Revista Pequenas Empresas e Grandes Negócios 

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